Indivíduos que consomem mais frutas cítricas, principalmente laranja e suco de laranja, correm maior risco de melanoma em comparação com aqueles que não consomem, de acordo com pesquisa publicada no British Journal of Dermatology, sabia?
O estudo The Association between Citrus Consumption and Melanoma Risk in the UK Biobank foi publicado em março. Os resultados sugerem que o consumo de mais de duas porções de frutas cítricas por dia está associado a um risco 63% maior de melanoma, em relação àqueles que não consomem frutas cítricas.
“Esse é um grande alerta, de um trabalho recente, mas os resultados não estão bem estabelecidos internacionalmente pela comunidade científica, ainda mais pelo modelo do estudo. Esse é um risco que devemos considerar, que não era imaginado. Pelo contrário, quantas vezes já ouvimos falar que a Vitamina C é um ótimo antioxidante, mas nunca se pensou nos psoralenos. Mas serve como um alerta de que tudo precisa de harmonia e equilíbrio e é bom evitar os excessos”, ponderou a Dra. Letícia Bortolini.
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Melanoma é o tipo de câncer de pele com o pior prognóstico e o mais alto índice de mortalidade. “Embora a principal causa do melanoma seja genética, a exposição solar também influencia no aparecimento da doença — principalmente com os elevados índices de radiação que atingem níveis considerados potencialmente cancerígenos, onde ocorre exposição à radiação UVA/UVB E IR (infravermelho)”, completou a médica.
E, os pesquisadores da Universidade de Indiana investigaram a associação entre o consumo de frutas cítricas e o melanoma, levando em consideração uma série de outros fatores já conhecidos como fatores de risco para a doença, como idade, bronzeamento e pele clara.
“O psoraleno, substância presente em abundância nas frutas cítricas, tem propriedades fotossensibilizantes e fotocarcinogênicas conhecidas. Esse fato estimulou estudos para investigar se o alto consumo de produtos cítricos está associado ao risco de melanoma devido à fotocarcinogenicidade do psoraleno. Esta pesquisa sugere um aumento significativo no risco de melanoma associado a uma maior ingestão de frutas cítricas e essas descobertas podem moldar as orientações de exposição ao sol e como abordamos o aconselhamento de pacientes que já estão em alto risco de desenvolver melanoma. No entanto, mais trabalhos precisam confirmar esses resultados”, destacou a Dra. Letícia.
Usando dados do UK Biobank, os pesquisadores foram capazes de revisar uma grande amostra de 198.964 pessoas, composta de 1.592 pessoas com diagnóstico de melanoma e 197.372 controles.
Os dados de ingestão de cítricos foram coletados por meio de cinco rodadas de questionários, pedindo aos participantes que relembrassem sua ingestão de cítricos nas 24 horas anteriores. A pesquisa descobriu que aqueles que consumiram mais de uma porção de laranja por dia tiveram um risco 79% maior de melanoma em comparação com aqueles que não consumiram e consumiram mais de uma porção de suco de laranja aumentou o risco em 54%.
Embora uma relação entre o consumo de frutas cítricas e o risco de melanoma tenha sido observada nesta amostra do UKBB, os participantes com pele clara ou muito clara apresentaram risco particular com maior ingestão de frutas cítricas.
Como as taxas de melanoma continuam a aumentar, estratégias de prevenção aprimoradas são necessárias. “Pesquisas sobre fatores contribuintes, como o consumo de frutas cítricas, são úteis na redução das taxas de câncer de pele, especialmente entre aqueles que correm maior risco. Frutas cítricas, especialmente laranja e suco de laranja, são amplamente consumidas no Brasil. Esta pesquisa, desde que confirmada em mais estudos posteriores, pode ajudar os profissionais médicos a aconselhar melhor os pacientes que já estabeleceram fatores de risco, como histórico familiar de melanoma, para reduzir a ingestão de frutas cítricas”, ressaltou a médica.
Os pesquisadores reconhecem as limitações do estudo, incluindo a confiança em dados de consumo de citros autorrelatados. Os resultados foram ainda mais limitados devido à incapacidade de controlar os fatores de confusão não medidos, como história familiar de melanoma.
E, apesar das limitações desse estudo, os dados de uma grande amostra de base populacional, controlando variáveis sociodemográficas, fornecem primeiras evidências em apoio a uma associação entre o alto consumo de frutas cítricas e o risco de melanoma.