Queda de cabelo: por qual motivo isso acontece?

Toda mulher já teve aqueles dias em que parece que há mais cabelos no banheiro do que em sua cabeça. Você escova os fios e logo vê uma tonelada deles deixados para trás na escova… e no chão… e grudados nas paredes do chuveiro… e revestindo o ralo da pia. Antes de tudo, relaxe. Uma pessoa perde em média de 100 a 150 fios por dia. Se mesmo assim você acha que está perdendo mais cabelos do que o normal, não se desespere.

De acordo com a médica dermatologista Letícia Bortolini, a queda de cabelo feminina é algo bem frequente nos consultórios profissionais. “Antigamente, os médicos não estudavam tanto o cabelo como hoje em dia. Agora, eles compreendem que o cabelo é um universo à parte, além da pele e da dermatologia. Tanto que temos muitos profissionais se especializando em tricologia e outros voltando a estudar, pois a queda de cabelo vem sendo uma das queixas mais recorrentes”.

Letícia Bortolini sinaliza que a queda de cabelo traz consigo um fator curioso e esquecido por muitas mulheres. “Quanto mais cabelo você tem, mais você irá perder por dia. Isso, pois há uma porcentagem do ciclo capilar que tem que ser trocada, o que fará com que seus fios caiam todo dia. Sendo assim, a porcentagem será maior para mulheres com bastante cabelo do que para aquelas com pouco cabelo. A questão é que ainda há pessoas que não sabem que o cabelo tem que cair. Sim, ele tem que cair”.    

CICLO DE CRESCIMENTO DOS FIOS

Já sentiu como se o seu cabelo tivesse vida própria? Conforme explica a médica dermatologista, essa sensação está relacionada ao fato de que os fios crescem em ciclos e momentos distintos. “Os folículos são espalhados em ciclos diferentes ao longo do couro cabeludo. Dessa forma, nós nunca vamos ficar com áreas carecas. Ao todo, existem três estágios: a fase anágena, a fase catágena e a fase telógena – cada uma com sua função específica”.

Segundo Letícia Bortolini, a fase anágena é a mais notável, pois diz respeito ao crescimento dos fios. “Nela, os folículos capilares individuais produzem mais cabelo e crescem por aproximadamente um período de cinco a sete anos. Após esse estágio, começa a fase de regressão – a catágena. Afinal, outros fios serão formados embaixo e vão apontar. Os folículos param a produção, adormecem e atrofiam. Varia de dois a três meses até a formação dos próximos fios embaixo”.   

A médica dermatologista complementa que é na fase telógena que os cabelos começam a se renovar. “Nela, os fios se desprendem e outros já apontam. Em média, calcula-se que uma pessoa tenha 15 ciclos para cada folículo durante a vida. Aí, conforme vamos envelhecendo, esses ciclos ficam um pouco mais curtos e os folículos produzem fios um pouco mais finos, que crescem menos e com pouca ou nenhuma melanina (cor)”.

MOTIVOS COMUNS DE QUEDA

Existem diversas possibilidades e cenários externos que propiciam a queda aumentada do cabelo. “Existe uma aceleração da fase de queda em algumas pessoas por conta de viagens ou alterações de luminosidade ao longo do ano. Em locais com estações bem definidas, as pessoas costumam trocar mais fios no fim do verão e início do outono”, comenta Letícia Bortolini.

Outra alteração comum que promove a queda de cabelo é a troca de medicação. “Por exemplo, quando a mulher interrompe o uso de anticoncepcional, altera-se o ciclo hormonal e a queda se intensifica por um período. Isso passa. Essas quedas temporárias (fisiológicas ou autolimitadas) são chamadas de eflúvio telógeno. Trata-se de uma aceleração da quantidade de fios que entram na fase telógena. Ou seja, eles caem, mas já estão nascendo”.

No caso do eflúvio telógeno, Letícia Bortolini ressalta que tudo se normaliza após alguns meses. “Ele costuma ser a causa de queda de cabelo mais frequente no dia a dia. Para além dos medicamentos, o eflúvio telógeno também pode ser induzido por dietas restritivas (tanto de proteína quanto de carboidrato), estresse (físico ou psicológico), pós-parto, pós-cirurgias, pós-traumas e pós-acidentes. Não há terapia específica, apenas maneiras de tornar essa fase mais ‘light’”.  

Agora, já parou para pensar que a queda aumentada pode ser resultado das alterações químicas e de calor que você promove no seu cabelo? “Muitas vezes, é justamente isso. Químicas e calor excessivo. Leia-se: tinturas, alisamentos, descolorações, secador, chapinha e por aí vai. A orientação é tomar cuidado e, se possível, não fazer nenhuma química. Evitar esses recursos”.  

HERANÇA GENÉTICA

Você talvez tenha mais familiaridade com a calvície masculina, mas a calvície feminina também é uma realidade. “A alopecia androgenética tem sido vista com muita frequência nos consultórios. Muitas mulheres sofrem hoje com a queda crônica de cabelo por conta de uma herança genética influenciada por hormônios. Nesse caso, o di-hidrotestosterona (DHT). Em geral, há poucas diferenças com a calvície masculina”, pondera a médica dermatologista.

Letícia Bortolini explica que esses hormônios fazem uma espécie de sinalização para os folículos ao longo da vida. “Isso pode começar logo após a menstruação. É um alerta aos folículos para que produzam cada vez menos cabelos, com fios mais finos e curtos. O processo é chamado de miniaturização. Ele é crônico e demorado. Às vezes, a mulher demora anos para começar a perceber que está perdendo cabelo”.

Contudo, a médica dermatologista comenta que quedas agudas podem ocorrer ao longo da vida. “Normalmente, é nesse momento que a mulher percebe que tem um problema, vai ao consultório e descobre. Como é genético, ainda não há cura. Mas, existem tratamentos que ajudam a impedir a progressão e estimulam a produção de fios caso existam folículos viáveis. Uma avaliação tricoscópica pode atestar o diagnóstico e avaliar a viabilidade de estimular esse cabelo a crescer”.

Segundo Letícia Bortolini, outras patologias bem específicas também podem interferir e/ou resultar na queda de cabelo. “Existe a alopecia areata, a alopecia cicatricial, a alopecia liquen plano pilar e a alopecia frontal fibrosante – que está muito em evidência. Há ainda doenças do folículo e da haste do cabelo, algumas tratáveis e outras não. Isso, além de carências vitamínicas de microminerais”, finaliza.  

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