Engana-se quem pensa que as mulheres não sofrem tanto com a queda de cabelo. Um estudo da Associação Brasileira de Cirurgia da Restauração Capilar (ABCRC) apontou que 50% das mulheres com menos de 50 anos vão enfrentá-la em algum momento da vida. No entanto, os dados revelaram que as causas são bem variadas – de má alimentação, herança genética, distúrbios hormonais até estresse – e exigem um olhar atento da ala feminina.
Conforme explica a médica dermatologista Letícia Bortolini, a perda de cabelo feminina não deve ser menosprezada ou tratada como uma questão puramente estética. “Em homens, ela está mais ligada à alopecia androgênica – quando os níveis sanguíneos de androgênios sobem. Enquanto que nas mulheres a queda de cabelo está muito relacionada a aspectos emocionais e psicológicos. Ou seja, envolvem o lidar com filhos, marido, trabalho, acontecimentos traumáticos e tantas outras questões”, alerta.
Letícia Bortolini ressalta que uma pessoa normal perde de 100 a 150 fios por dia e que existem padrões de perda capilar em nosso dia a dia – como quando, por exemplo, acordamos e poucos fios são deixados no travesseiro. Porém, a dermatologista recomenda que, ao perceber que esse volume se tornou superior de uma hora para outra e/ou vem acompanhado de sintomas como o afinamento do cabelo ou falhas visíveis, um profissional deve ser procurado imediatamente.
“Cair um pouquinho é normal. Há mulheres que começam a perder
cabelo aos 13-14 anos por conta das mudanças hormonais. A questão é que uma
mulher reconhece quando algo está diferente. Logo, é preciso encontrar um
profissional que irá acreditar na queixa. A propósito, os médicos também
precisam ficar atentos aos detalhes. Inclusive, antes de fazer alguns testes,
não deixar de perguntar se a mulher lavou o cabelo naquele dia, pois os fios
podem ter caído nesse ato”, reitera.
TRATAMENTO MULTIDISCIPLINAR
De acordo com Letícia Bortolini, existem vários tratamentos para a perda de cabelo. Mas, acima de tudo é primordial identificar a causa principal da queda. “O médico dermatologista, por exemplo, será o responsável por promover uma investigação e, consequentemente, a avaliação dermatológica, o diagnóstico, o mapeamento do couro cabeludo, o registro em imagens e a definição acerca de qual será o melhor tratamento”, destaca.
A médica reforça que, por vezes, esse tratamento engloba também uma equipe multidisciplinar. “É muito importante contar com profissionais como o terapeuta capilar – que realiza procedimentos como a limpeza e o reequilíbrio do couro cabeludo –, bem como com um psicólogo e um psiquiatra para a avaliação das questões emocionais em prol de tratá-las adequadamente. Até porque, entre outros pontos, a queda de cabelo costuma afetar a autoestima”, pondera.